domingo, 2 de novembro de 2008


Apertou contra o peito a carta que chegara naquela tarde. Respirava aliviada enquanto sentia na pele o papel amassar levemente. A simples correspondência representava para ela o único fio de esperança diante da situação em que se encontrava. Uma música dançante ecoava no momento. Desligou o aparelho de som e deitou-se. Enquanto devorava cada palavra que lia, uma lágrima rolava no seu rosto. Eram cinco e meia da tarde e o céu aparecia bicolor em sua janela; um crepúsculo enfeitado por tímidas estrelas. Um cheiro de café tirou a sua concentração; estava jejuando, alimentada apenas pela ansiedade da chegada da tal carta. Levantou-se e apanhou um pão dormido. Abocanhava-o com voracidade, até que um trecho chamou sua atenção, fazendo-a parar imediatamente. Estava escrito: "Sente-se sobre a penteadeira e reflita, olhando fixamente para o espelho. A grama não é tão verde quanto lhe parece. Olhe por detrás da sua imagem refletida e verás que as outras coisas começarão a tomar forma. Acorde." Sentiu o dia recomeçar naquele momento.

2 comentários:

Ramon Pinillos Prates disse...

Bom sabe que esse blog ainda é vivo!
beijos

Tarcila disse...

Profundo.
:)

:*